quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Depoimento - Lake Tahoe

E ai galera.. to aqui pra falar um pouquinho sobre minha temporada nos Estados Unidos, durante meu período de férias em 2005. Saí do Brasil com meu emprego certo já: caixa no restaurante de Alpine Meadows, Lake Tahoe – Califórnia.


Pra quem não conhece, Lake Tahoe é uma região muito badalada e super procurada pelos brasileiros. Além de ser uma área onde existem muitos resorts e estações de ski, Lake Tahoe é muito conhecido pelas festinhas que rolam por lá.




Pri com a galera trabalhando em Alpine Meadows




Trabalho
Com sinceridade no começo foi bem complicado. Por ser uma região onde o frio não é predominante, quando cheguei em Tahoe City, na companhia de mais algumas brasileiras que também trabalhariam em Alpine, ouvimos dizer que as poucas pessoas que já haviam chegado estavam com dificuldade pra trabalhar devido à escassez de neve.


Nessa hora, o desespero bateu e a vontade de voltar pra casa foi enorme. Mas a gente logo se acalmou e depois de uma conversa com nosso chefe, ficamos cientes que trabalharíamos sim. Uns, talvez, com algumas horas a menos que outros. Mas nada que nos fizessem voltar atrás.
Meu trabalho era muito tranqüilo. Tive umas instruções básicas sobre como usar um programa pra computar as refeições e depois era só fazê-las. Certos dias na semana tinha que acordar bastante cedo pra que organizasse o restaurante antes dele ser aberto. Outras vezes demorava mais a sair porque tinha que fechá-lo. Mas nunca era muito complicado porque sempre trabalhava muita gente comigo e meu chefe estava sempre por perto me oferecendo ajuda, caso eu precisasse.


Depois de algum tempo, eu já fazia tudo de olhos fechados. A dor mesmo foi na hora de ir embora. Eu adorava meu trabalho. Além de super divertido, fiz amizades que mantenho até hoje. Pessoas do mundo todo vinham me fazer perguntas sobre o Brasil. Meu boss me prometeu que viria nos visitar. E a gente ainda recebia uma refeição e podia esquiar sem pagar nada.

Second Job


Como eu quis juntar mais uma grana pra fazer umas compras, resolvi arrumar um segundo emprego. Procurei bastante porque muitos empregadores já não estavam mais contratando. Tanto insisti que apareceu uma vaga numa loja de roupas em outra estação de ski da região.
Squaw Vally Clothing Company era uma loja de roupas de frio para homens, mulheres e crianças.



A loja era pequena e ficava no village de Squaw Valley. No começo também tive certa dificuldade porque não sabia os nomes das roupas. Muitas vezes as pessoas me pediam roupas que eu não sabia nem que existia e ficava sem entender absolutamente nada. Ahahahha Mas com o tempo fui aprendendo também. Tanto que com poucos dias eu já trabalhava sozinha na loja. Era a responsável por abrir a loja, contar o dinheiro, atender clientes, dobrar roupas, efetuar as compras no computador, embalar as compras, organizar a loja, varrer o chão, limpar os vidros e fechar o caixa. Claro que a gente acaba acostumando mas no início foi um pouco assustador.


Marcela (Recife), Camila (Fortaleza) e Priscila (Recife), fazendo snow em Alpine


Tahoe City
Sem dúvidas, Tahoe city é uma cidade encantadora. As lojinhas e restaurantes na Av. principal são lindas demais. Além de ter as montanhas e um lago perfeito (e quase congelado) como paisagem. Mas é bastante pequena. O centro da cidade, onde se localiza a parte comercial é praticamente uma avenida só. As casas ficam em ruas menores. Essas lojas e restaurantes também são uma boa opção para o second job.


A biblioteca da cidade nos permite o aluguel de livros, CDS e DVDS e usufruto da Internet sem pagar nada. Basta chegar e esperar a longa fila de brasileiros que estão ali pelo mesmo motivo que você: diminuir as saudades e dar noticias às famílias.


O TART era nosso meio de transporte mais usado, mas também era considerado ponto de encontro entre todos os moradores da cidade. Principalmente em determinados horários. O ticket se eu não me engano era U$S1.50. Mas a maioria dos empregadores nos davam um cartão que nos permitia andar de graça.


Os ônibus, geralmente conduzidos por motoristas um tanto quanto toscos, tinham seus horários e paradas certas. O primeiro passava às seis horas da manhã e o último às cinco da tarde. A cada uma hora passava pelas paradas. E coitado daquele que chegasse um minutinho sequer atrasado no bus stop: ou esperava por uma hora ou botava o polegar pra fora do casaco pra pedir carona. E não eram poucas as vezes que isso acontecia.


O mais complicado era fazer compras. Tive sorte porque morei há uns 15 minutos (a pé) do
supermercado e podia ir andando e ainda levar o carrinho pra casa. Mas pra quem morava longe tinha que fazer as compras nos horários em que ainda os TART’s circulavam pela cidade.


Road Trip

Como consegui juntar uma grana, resolvi conhecer a Califórnia com uns amigos. Alugamos um
carro durante uma semana e seguimos viagem. Éramos seis num carro pra oito. No lugar das outras duas pessoas ficaram nossas bagagens e compras. Conhecemos Las Vegas, Grand Canyon, Los Angeles, São Francisco e todas as outras praias californianas. O legal é que nossa road trip ficou super em conta porque nos seis tínhamos o mesmo objetivo de não gastar muito na viagem. Então economizamos: procuramos apenas por hotéis simples, baratos e sem muito luxo. Apenas um lugar pra descansar nos turnos das noites. Resolvemos também que dormiríamos algum dia dentro do carro e não tivemos problemas com isso.


Conhecemos de tudo um pouco e com certeza foi uma viagem inesquecível para todos nós.
Depois ainda dei uma passadinha em Miami. Me hospedei na casa de Caio (este aqui do blog!) e ainda sobrou dólar pra comprar bastante coisa.


Foram inúmeras as brazilian’s partys, as amizades, as despedidas, os passeios e as aventuras.
De tudo isso que vivi nos Estados Unidos durante esses quatro meses, o mais válido foi com toda certeza a experiência e responsabilidade que adquiri. Passamos por muitas coisas por lá. Lidamos com pessoas que nunca vimos na vida e que têm hábitos, costumes, culturas e crenças totalmente diferentes dos nossos. Falamos uma língua que por mais que dominemos, não é a nossa. E vivemos num país onde os valores são diferentes. É preciso ser responsável e maturo o suficiente pra viver um Work Experience num país diferente do seu.


Mas uma coisa é certa: se você souber aproveitar seu tempo e lidar com as situações, sua vontade será igual a minha. De voltar à esse país estranho e viver tudo de novo.

Priscila tem 20 anos, de Recife/PE, estudante de Publicidade e Propaganda

Um comentário:

Anônimo disse...

Oi Caio!!! Nossa amei seu blog!!! Vc consegue esclarecer tantas duvidas que surgem antes de embarcarmos!!! Olha so, to indo sem a oferta de trabalho pros States pq ja fui uma vez de placement e nao gostei muito da experiencia!
Mas agora to numa duvida cruel se vou pra Lake Tahoe ou se vou pra Fort Lauderdale, to indo com mais duas amigas!!!! Gostaria que vc me falasse um pouco sobre pros e contras dessas duas cidades!!!!
Muito obrigada!!!!
Ana Clara Rabelo/ BH
clarinharabelo@yahoo.com.br